Modelo de fluxo de caixa: saiba qual e quando usar cada um na prática
Não adianta vender bem se a gestão financeira do negócio não acompanhar esse crescimento. Segundo dados do IBGE, cerca de 60% das empresas brasileiras encerram suas atividades antes de completar cinco anos.
Muitas delas até faturam, mas não conseguem se manter financeiramente saudáveis ao longo do tempo. Na maioria dos casos, o problema não está apenas na falta de capital ou nas oscilações do mercado.
Boa parte desses fechamentos está ligada a falhas na gestão financeira, especialmente à dificuldade de estruturar um fluxo de caixa eficiente que apoie decisões estratégicas no dia a dia.
Muitas empresas até registram entradas e saídas, mas não sabem qual modelo de fluxo de caixa usar ou quando aplicar cada um.
Por isso, neste artigo, você vai conhecer quais são esses modelos e como criar um fluxo de caixa simples.

Quais são os principais tipos de fluxos de caixa?
Os principais tipos de fluxo de caixa se diferenciam, principalmente, pela periodicidade da análise e o método de apuração das movimentações financeiras.
Conheça os modelos mais utilizados e quando cada um deles faz sentido na rotina financeira.
1. Fluxo de caixa operacional
O fluxo de caixa operacional mostra se a operação do seu negócio é capaz de se sustentar sozinha.
Para isso, ele considera tudo o que acontece no dia a dia para a empresa funcionar, como recebimentos, pagamento de fornecedores, folha de pagamento, aluguel, energia e sistemas.
2. Fluxo de caixa direto
O fluxo de caixa direto acompanha a saúde financeira da empresa com base no que efetivamente entra e sai do caixa, sem ajustes contábeis ou interpretações indiretas.
Nesse modelo, você detalha todas as entradas reais, como recebimentos de clientes, vendas à vista e receitas de serviços, e todas as saídas efetivas, incluindo pagamentos a fornecedores, salários, encargos, despesas operacionais e impostos pagos no período.
É exatamente por isso que ele é o método de DFC mais utilizado no dia a dia corporativo. Afinal, ele mostra o caixa como ele é, não como ele “deveria ser”.
3. Fluxo de caixa indireto
O fluxo de caixa indireto explica como a empresa chegou à geração de caixa a partir do resultado contábil. Para isso, ele começa pelo lucro líquido, apurado na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
Depois, ele faz ajustes para itens que impactam o resultado, mas não representam saída ou entrada efetiva de dinheiro.
É o caso de depreciação, amortização, provisões e variações no capital de giro, como aumento de estoques ou contas a receber.
4. Fluxo de caixa livre
O fluxo de caixa livre mostra quanto dinheiro realmente sobra na empresa depois que todas as obrigações operacionais e os investimentos necessários para manter ou expandir o negócio foram cumpridos.
É esse indicador que revela o potencial real de geração de valor da empresa.
5. Fluxo de caixa projetado
O fluxo de caixa projetado, também chamado de fluxo de caixa previsto, é o modelo que transforma o histórico financeiro da empresa em planejamento estruturado para o futuro.
Ele parte dos dados já consolidados no fluxo de caixa operacional e utiliza esses padrões para estimar entradas e saídas nos próximos meses ou anos.
Esse modelo permite mapear pagamentos e recebimentos futuros, ajustar o orçamento antes que o caixa seja pressionado e planejar investimentos com muito mais segurança.
6. Fluxo de caixa descontado (DCF)
O fluxo de caixa descontado (DCF) é um modelo avançado de modelo de fluxo de caixa que traz para o presente o valor dos fluxos de caixa que a empresa deve gerar no futuro.
Você projeta os fluxos de caixa futuros, desconta esses valores por uma taxa que representa o custo de oportunidade do investidor e chega ao valor presente do ativo.
Esse resultado é interpretado como o valor intrínseco da empresa, independentemente de oscilações momentâneas de mercado ou métricas superficiais.
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Quando usar cada modelo de fluxo de caixa?
Você escolhe qual modelo de fluxo de caixa usar de acordo com a decisão que precisa tomar agora. Afinal, cada tipo responde a uma pergunta diferente da gestão financeira. Entenda a seguir:
- Fluxo de caixa operacional: ideal para o acompanhamento recorrente, para entender se as receitas do negócio cobrem as despesas do dia a dia e para identificar rapidamente onde o caixa está sendo pressionado;
- Fluxo de caixa direto: é o melhor modelo para decisões de curto prazo, controle de liquidez e gestão diária, porque mostra exatamente de onde o dinheiro entra e para onde ele sai;
- Fluxo de caixa indireto: recomendado para reconciliação financeira, prestação de contas, auditorias e apresentações gerenciais;
- Fluxo de caixa projetado: indicado para planejamento financeiro, negociação com fornecedores, revisão de prazos e decisão sobre investimentos futuros com mais previsibilidade;
- Fluxo de caixa livre: ideal para decidir sobre novos projetos, pagamento de dívidas ou distribuição de resultados;
- Fluxo de caixa descontado (DCF): indicado para valuation, análise de investimentos de longo prazo, fusões e aquisições.
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Como fazer fluxo de caixa simples?
Para fazer um fluxo de caixa simples, você deve registrar todas as movimentações de dinheiro, sem exceção.
Esse processo pode ser feito diariamente, semanalmente ou mensalmente, dependendo da rotina e do nível de controle que você precisa.
Entenda como a seguir:
Como criar um modelo de fluxo de caixa diário?
Para criar um modelo de fluxo de caixa diário, você deve seguir os passos abaixo:
- Registre todas as entradas e saídas no mesmo dia em que o dinheiro realmente movimenta o caixa, sem usar previsões;
- Adote sempre o regime de caixa, considerando apenas valores pagos e recebidos;
- Organize os lançamentos em um padrão fixo, com data, descrição, categoria, entradas, saídas e saldo do dia;
- Calcule o saldo diário ao final de cada dia para identificar rapidamente períodos de maior pressão no caixa;
- Analise os registros ao longo do tempo para identificar padrões de despesas e recebimentos;
- Transforme o controle em rotina diária, usando planilhas ou sistemas automatizados, conforme o volume do negócio.
Como criar um modelo de fluxo de caixa semanal?
Para criar um fluxo de caixa semanal que equilibra controle operacional e visão estratégica, você deve seguir os passos abaixo:
- Defina um período padrão de semana, por exemplo, de segunda a sexta ou de segunda a domingo, e use sempre o mesmo;
- Registre todas as entradas e saídas efetivas da semana em uma planilha ou sistema de gestão, como o ERP ou um sistema próprio para fluxo de caixa;
- Organize as movimentações por categorias, como receitas, custos operacionais, gastos com cartão corporativo e reembolso, impostos e investimentos;
- Calcule o saldo semanal para identificar se a empresa fechou o período com folga ou sob pressão de caixa;
- Compare semanas diferentes para identificar padrões e semanas críticas, como concentração de pagamentos ou queda de entradas.
Como criar um modelo de fluxo de caixa mensal?
Para criar um modelo de fluxo de caixa mensal, você deve seguir um caminho parecido ao modelo semanal. Entenda como a seguir:
- Defina um período fixo de fechamento do mês, como do dia 1º ao último dia, e use sempre o mesmo para garantir comparabilidade;
- Registre todas as entradas do mês com base no regime de caixa;
- Registre todas as saídas do mês usando uma planilha ou sistema de gestão automatizado;
- Organize os lançamentos por categorias, como receitas, custos fixos, custos variáveis, despesas administrativas, impostos e investimentos;
- Trabalhe com duas visões complementares: realizado, que consolida o que de fato aconteceu no mês, e projetado, que antecipa o comportamento do caixa nos próximos meses;
- Calcule o saldo mensal para avaliar se o caixa está saudável ou se houve dependência de capital externo.
Agora é hora de colocar a mão na massa e criar um modelo de fluxo de caixa para apoiar as decisões financeiras da sua empresa.
Para facilitar esse processo, confira o artigo “App de controle de gastos: qual é a melhor opção para sua empresa?”











